* Durante almoço com banqueiros e CEOs promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo, nesta sexta-feira (29/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu o ajuste fiscal, não descartou a adoção de mais medidas para cortar gastos, pediu "cautela" aos críticos do pacote fiscal e disse que não há uma "bala de prata" para resolver os problemas econômicos.
"Agora, não vamos fazer tudo que precisa ser feito em uma bala de prata, e não é o grand finale do que a gente precisa fazer. Daqui três meses, eu posso estar na planilha discutindo a evolução da previdência, do BPC. Pode ser que eu tenha que mandar leis para o Congresso", ponderou Haddad.
"É fácil falar: "Faz o ajuste, a lição de casa". Não estou fazendo o ajuste para fazer concessão a ninguém. Eu acredito nele, é uma crença, pela minha formação", disse Haddad.
Uma das medidas propostas é o endurecimento das regras para as pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), de forma a obrigar a atualização de cadastros que estejam desatualizados há mais de 24 meses. Haddad ressaltou que um terço das pessoas beneficiadas pelo BPC não têm suas deficiências cadastradas.
"Não se sabe o que essas pessoas têm para ter acesso ao BPC", afirmou Haddad.
Na avaliação do ministro, o governo só não cumprirá a meta de déficit zero este ano porque não conseguiu "aprovar tudo o que queria" no Congresso Nacional. Ainda assim, Haddad reforçou que o relacionamento com o Congresso é "ótimo" e que acredita que a tramitação das medidas de corte de gastos deve ocorrer de forma tranquila e sem grandes problemas com o governo. "Se tivermos alguma surpresa, será positiva."
Também presente no almoço, o diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse que o pacote fiscal enviado pelo governo ainda está sendo "digerido".
"A fala do Haddad esclarece bastante qual é a visão dele sobre o rumo da economia. O ministro disse aqui que ele está dando passos na direção correta, que não é bala de prata."
Para o futuro presidente do BC, considerando o cenário de uma moeda mais desvalorizada e de um mercado de trabalho mais apertado e crescendo mais do que se imaginava, "parece lógico você imaginar que vai precisar ter uma taxa de juros mais contracionista por mais tempo".
Galípolo fez questão de lembrar que o país voltou a bater recorde mínimo de desemprego. "Foi a queda mais rápida que a gente viu no nível de desemprego", afirmou.
Para o presidente do conselho da Febraban e do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o caminho do ajuste fiscal não tem volta. "O avanço da pauta de estabilização fiscal da economia tem nosso apoio", disse Trabuco.
Pela manhã, no início do pregão, o dólar bateu um novo recorde nominal ao atingir os R$ 6,11. A alta é resultado da reação negativa do mercado às medidas de corte de gastos e alterações na isenção do Imposto de Renda, detalhadas na quinta-feira (28/11).
Analistas do mercado acreditam que as medidas não serão suficientes para equilibrar as contas e defendem que a opção por elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda acabou diluindo os efeitos positivos que poderiam ter sido trazidos com os ajustes nos gastos.
Fonte: Metrópoles