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Violência contra a mulher na Região dos Lagos: números alarmantes e casos chocantes


* Esta quarta-feira (8) é dia da Mulher, contudo, quando se trata de violĂȘncia, dados apontam que não hĂĄ motivos para comemorar. Na Região dos Lagos, números do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) de Cabo Frio mostram que, entre janeiro de 2021 e maio de 2022, mais de 800 mulheres foram atendidas por diversos tipos de agressões (física, moral, sexual e outras).

Neste meio tempo, na cidade, o CEAM aponta que foram contabilizados 71 estupros. Quando se trata de violĂȘncia física, são 151 vítimas. Veja a tabela:

ViolĂȘnciasEntre janeiro de 2021 e maio de 2022Total
Física151
Psicológica243
Moral205
Sexual71
Patrimonial132
802

Além disso, no período entre janeiro de 2022 e 2023, conforme o Instituto de Segurança Pública (ISP), 434 estupros foram apontados na Baixada Litorânea.

Em Cabo Frio, até o primeiro mĂȘs deste ano, a estimativa é de sete mulheres violentadas sexualmente, fazendo com que a mesma se tornasse a cidade da Região dos Lagos com o maior número de vítimas. Em seguida vem Saquarema, com seis. Veja a tabela:

CidadeVítimas em janeiro de 2022Vítimas em janeiro de 2023
Cabo Frio117
Saquarema55
Araruama44
São Pedro da Aldeia63
Arraial do Cabo13
Iguaba Grande01
Armação de Búzios20
Total neste período2923


Apesar da queda de aproximadamente 20% entre 2022 e 2023, os números estaduais seguiram o caminho contrĂĄrio. Em janeiro, em todo o Rio de Janeiro, foram contabilizados 496 estupros. Ano passado, foram 433 no mesmo período, o que representa um aumento de quase 15%.

Quando se fala no âmbito nacional, os dados são ainda mais assustadores. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estimativas apontam que, anualmente, 822 mil mulheres são estupradas no Brasil, o que equivale a dois abusos sexuais por minuto.

Caso de estupro que chocou a Região dos Lagos

A violĂȘncia contra a mulher tem sido um assunto constantemente pautado na Região dos Lagos. Conforme a Polícia Militar, o maior número de chamados para a emergĂȘncia (190) é para este tipo de ocorrĂȘncia.

Um crime neste âmbito que recentemente chocou a região foi o de uma criança de 12 anos, moradora de Búzios, que foi estuprada por um familiar.

O crime foi registrado no último dia 21 de fevereiro, onde o agressor, Carlos Eduardo Gonçalves da Costa, de 41 anos, é primo do marido da avó paterna da criança.

No caso, segundo a irmã da vítima, o homem levou a garota para casa dele, puxou-a para o quarto e começou a tirar a roupa dela. A avó da menina, preocupada com a demora da volta da neta, foi atrĂĄs e flagrou o agressor em cima da menina. Ele fugiu e a avó da menina acionou a polícia. O exame de corpo de delito confirmou o estupro, mas o agressor continua livre.

Além disso, a irmã da vítima afirma que, quando a responsĂĄvel pela menina estuprada esteve na casa do suspeito, a mãe dele fez a seguinte declaração: "Sua filha tem 12 anos, mas tem peito e tem bunda e pode muito bem se deitar com o meu filho".

Dados de tentativa de feminicídio assustam

Neste primeiro mĂȘs de 2023, no Rio de Janeiro, conforme o ISP, foram registrados nove feminicídios e 29 tentativas deste crime. Na Região dos Lagos, trĂȘs mortes de mulheres foram contabilizadas até o mĂȘs de março.

No segundo dia deste ano, uma mulher foi baleada pelo ex-companheiro, que não aceitava o fim do relacionamento, em Cabo Frio. No município de Araruama, uma recém-nascida de 27 dias foi estuprada e morta pelo próprio pai. Em Iguaba Grande, uma mulher foi encontrada morta na laguna da Praia do Popeye.

Em 2022, durante todo o ano, foram registradas 265 tentativas de feminicídio e 97 mulheres foram mortas no Rio de Janeiro. Os dados, levantados pelo ISP, se referem ao período entre janeiro e novembro.

As trĂȘs maiores causas, de acordo com a Rede de Observatórios da Segurança, são: brigas (21%), não aceitação do término do relacionamento (14%) e ciúmes (8%).

Números oficiais do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2022, apenas no primeiro semestre do ano, no Brasil, 699 mulheres foram alvos de feminicídio. Isso significa uma média diĂĄria de quatro vítimas por dia. Em 2021, neste mesmo período, foram registrados 677 assassinatos de mulheres, o que significa que existiu um aumento de 3,2%.

ViolĂȘncia deu um triste salto

De acordo com o Rede de Observatórios da Segurança, com 545 casos de violĂȘncia contra mulher em 2022, o estado do Rio de Janeiro quase dobrou o número de 2021, quando foram registrados 375 eventos na mesma pesquisa. Ao todo, foi contabilizado um aumento de 45%.

Ao que tudo indica, a crescente tende a continuar em 2023. Casos estarrecedores tĂȘm sido registrados na Região dos Lagos. Veja:

28 de fevereiro: Uma grĂĄvida de 22 anos que foi agredida pelo marido em Iguaba Grande. O caso foi tão grave que a vítima corre risco de perder o neném.

23 de fevereiro: Em Cabo Frio, uma mulher de 40 anos foi parar na DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Cabo Frio após ser agredida pelo próprio filho.

15 de fevereiro: Um homem foi preso em São Pedro da Aldeia, após o Conselho Tutelar comunicar à 125ÂȘ DP que seu filho, menor de dois anos, havia sido levado a uma unidade de saúde com lesão no rosto. A mãe da criança relatou que o agressor a chutou durante uma discussão, fazendo com que ela caísse e o filho batesse o rosto na parede. O sujeito possui outras duas passagens por violĂȘncia doméstica e foi preso em flagrante.

11 de fevereiro: Um homem foi preso em Araruama, acusado de estupro de vulnerĂĄvel qualificado pelo resultado de morte. A vítima era sua própria filha, uma recém-nascida de apenas 27 dias de vida. O crime ocorreu enquanto a bebĂȘ dormia com o pai.

10 de fevereiro: Um homem foi preso pela Polícia Civil de Saquarema pelo crime de ameaça na forma da Lei Maria da Penha. O acusado foi capturado após trabalho de inteligĂȘncia e monitoramento da distrital, e contra ele foi cumprido um mandado de prisão preventiva.

7 de janeiro: Um idoso de 65 anos foi preso em Arraial do Cabo, acusado de estuprar uma menina de 14 anos. O homem foi encontrado em um automóvel na RJ-106 em São Pedro da Aldeia, e foi encaminhado para a 132ÂȘ Delegacia de Polícia, onde foi autuado e preso por estupro de vulnerĂĄvel.

Mesmo sendo fora da Região dos Lagos, um crime que revoltou todo o Brasil foi registrado em Campos dos Goytacazes. No último dia 2 de março, uma jovem de 31 anos, grĂĄvida de oito meses, foi executada a tiros dentro do carro. O suspeito de ter cometido o crime é o marido da vítima, de 46 anos.

ViolĂȘncias mais recorrentes

Mas vale destacar que violĂȘncia contra a mulher não se resume em estupro e agressão física. As mais comuns são:

  1. ViolĂȘncia física: Consiste em qualquer tipo de agressão física, incluindo socos, chutes, empurrões, mordidas, queimaduras e espancamentos. Pode ainda envolver o uso de armas ou objetos que causem lesões corporais graves ou até mesmo a morte.
  2. ViolĂȘncia psicológica: Pode ser tão danosa quanto a violĂȘncia física. Ela inclui insultos, ameaças, humilhações, isolamento, controle e chantagem emocional. A violĂȘncia psicológica pode causar danos emocionais graves, tais como depressão, ansiedade, baixa autoestima e até mesmo levar ao suicídio.
  3. ViolĂȘncia sexual: Envolve qualquer tipo de abuso sexual, como o estupro, o assédio sexual, o abuso sexual infantil, a exploração sexual e o trĂĄfico humano para fins sexuais. A violĂȘncia sexual pode deixar marcas profundas na vida das mulheres, como o transtorno de estresse pós-traumĂĄtico, a gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.
  4. ViolĂȘncia patrimonial: É quando a mulher é privada de seus direitos de propriedade, como o acesso à moradia, ao dinheiro, aos bens e até mesmo ao trabalho. A violĂȘncia patrimonial pode prejudicar a independĂȘncia e autonomia da mulher, deixando-a vulnerĂĄvel a outras formas de violĂȘncia.
  5. ViolĂȘncia moral: É aquela que se dĂĄ por meio da difamação, calúnia, injúria, ou qualquer outro tipo de ataque que prejudique a honra, a imagem e a reputação da mulher. A violĂȘncia moral é um tipo de violĂȘncia que pode levar a graves consequĂȘncias emocionais, sociais e profissionais.

Como denunciar violĂȘncia contra a mulher?

Muitas vezes, as vítimas tĂȘm medo de denunciar seus agressores, seja por conta da relação com o mesmo, ameaças ou qualquer outro motivo. Entretanto, é importante que saibam que existem vĂĄrias formas de buscar ajuda e proteção.

Aqui estão algumas maneiras de denunciar a violĂȘncia contra a mulher:

  1. Ligue para a polícia: Em caso de emergĂȘncia, disque 190 e informe o ocorrido. A polícia é responsĂĄvel por investigar e garantir a segurança da vítima.
  2. Procure ajuda em delegacias especializadas: Existem delegacias especializadas em atender casos de violĂȘncia contra a mulher, conhecidas como Delegacias da Mulher. Nessas delegacias, a vítima pode receber apoio psicológico e orientação jurídica.
  3. Busque ajuda em instituições de apoio: HĂĄ instituições que oferecem atendimento gratuito e sigiloso para mulheres vítimas de violĂȘncia, como abrigos, centros de apoio psicológico e jurídico e grupos de apoio.
  4. Ligue para o Disque 180: O Disque 180 é um canal de denúncias de violĂȘncia contra a mulher, que funciona 24 horas por dia e é gratuito. A ligação é anônima e a vítima pode receber orientação sobre os seus direitos e sobre como proceder em caso de violĂȘncia.
  5. Utilize o aplicativo "SOS Mulher": O aplicativo "SOS Mulher" permite que a vítima peça ajuda de forma discreta e segura, em caso de agressão. Com apenas um toque, a vítima pode enviar uma mensagem de socorro para seus contatos de emergĂȘncia cadastrados.

Patrulha Maria da Penha

A Patrulha Maria da Penha é uma iniciativa importante para garantir a proteção e o amparo às vítimas de violĂȘncia doméstica. Ela é uma das principais ações desenvolvidas pelo Governo Federal no combate à violĂȘncia contra a mulher e tem como objetivo prevenir e combater a violĂȘncia doméstica e familiar, garantindo que as medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha sejam cumpridas.

Ela consiste em uma equipe especializada de policiais que fazem visitas periódicas às casas das mulheres que possuem medidas protetivas em vigor. Durante essas visitas, os agentes verificam se as medidas estão sendo cumpridas, se a mulher e seus filhos estão em segurança e se precisam de algum tipo de assistĂȘncia ou encaminhamento para serviços de saúde, assistĂȘncia social ou psicológica.

Além disso, a Patrulha Maria da Penha também tem um papel importante na prevenção da violĂȘncia, jĂĄ que a presença dos agentes nas residĂȘncias dos agressores pode inibir novas agressões.

Vale ressaltar que, para ter acesso à Patrulha Maria da Penha, a mulher deve denunciar a violĂȘncia e solicitar a medida protetiva em uma delegacia especializada de atendimento à mulher.

É importante que as vítimas saibam que a denúncia é o primeiro passo para romper o ciclo da violĂȘncia e que elas não estão sozinhas nessa luta.



Fonte: RC24H

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